Pico do Refúgio
Residências Artísticas
Hun Chung Lee | Março 2019
Bio
Lee Hun Chung 1967. Nasceu em Seoul, Coreia. Vive e trabalha em Yangpyeong, Coreia do Sul. Pensa a cerâmica como uma “pintura de paisagem tridimensional”, imbuída em cores da sua terra natal coreana. O artista transforma o barro em cadeiras, mesas e objetos decorativos, que ele queima num forno tradicional construído à mão, usando um vidrado “celadon” desenvolvido pela primeira vez no século XV. Os resultados do processo de vidrado são imprevisíveis, numa colaboração entre o artista e a natureza criando uma “patina” complexa de camadas de vidrado, tão táteis quanto agradáveis aos olhos. Com seu toque especial, os materiais como a argila, o cimento e a madeira tornam-se leves, macios e etéreos. Tendo trabalhado em cerâmica, escultura, instalação e mobiliário, Lee continua a testar os limites do seu meio.
Educação
2007 – Doutorado em Arquitetura pela Kyung-won University, Kyung’gi, Coreia do Sul
1994-1996 – Mestrado em Escultura, San Francisco Art Institute, São Francisco, EUA
1991-1994 – Mestrado em Escultura Cerâmica, Hong-ik University, Seul, Coreia do Sul
1986-1991 – Licenciatura em Escultura Cerâmica, Hong-ik University, Seoul, Coreia do Sul
Exposições individuais (seleção)
2015 Artside gallery, Seul, 2014 Park Ryu Sook gallery, Seul,
2013 One & J gallery, Seul;
2012 Hun-Chung Lee, R20th Century Gallery, NovaIorque;
2011 Ilwoo Space, Seul, 2010 LeeHwaik Gallery, Seul
2009 MSU Copeland Gallery, Bozeman,
2008 Seomi&tuus Gallery, Seul,
2007 Park RyuSook Gallery, JeJu,
2006 U-Ri-Gu-Rut RYU, Seul Kangha Museum, Yangpeong,
2003 Pack Hye Young Gallery, Seul
2002 U-Ri-Gu-Rut RYU, Seul,
2000 The Korean Culture &Art Foundation, Art Center, Seul,
2000 Tokonoma Gallery, Genebra Coleções (Seleção)
Archie Bray Foundation Center, Montana, EUA;
Boleslawiec Museum, Polónia; Dae-yoo Culture
Foundation, Seul, Coreia do Sul; Haesley Nine
Bridge Golf Club, Yeoju, Coreia do Sul, Jinro
Foundation of Culture, Seul, Coreia do Sul; Kyung
Duk Jin University Museum, China; Niagara
Gallery, Melbourne, Austrália; National Museum of
Contemporary Art, Seul, Coreia do Sul.
Projecto
A viagem só existe porque há regresso, se não há regresso, não é uma viagem, é apenas partir”, diz Lee Hun Chung. O artista coreano, há quase um mês em residência artística no Pico do Refúgio, está, pois, “em viagem”, o que para o escultor é o mesmo que dizer que está no período do ano em que, num outro país que não o seu, fora do seu estúdio onde se dedica à cerâmica, se permite experimentar novos materiais e criar a partir da inspiração que retira deles. “Quando trabalho com instalação e objetos de arquitetura, ou faço mobiliário artístico sinto que estou numa viagem, estou a ir a algum lado”, diz, confessando que a cerâmica, por outro lado, “é como a minha casa”.
No Pico do Refúgio, está a criar uma escultura de grande dimensão. “Estão a ser recolhidos vários tipos de argila. E estou a usar madeira serrada para podermos ver as marcas da madeira na escultura que terá o formato de uma cadeira e pretende significar a harmonia entre a natureza e o homem, passado, presente e futuro”, revela Lee Hun Chung, sublinhando que “quis deixar uma peça com significado na ilha”.
Colocada no exterior da propriedade do Pico do Refúgio, o artista explica que “a localização escolhida não foi ao acaso”. “Eu adoro o oceano! O nome do meu estúdio significa oceano”, explica, confidenciando que a palavra é “muito importante” para a sua vida, porque as memórias que guarda do pai, que morreu quando Lee era “muito novo”, estão “ligadas ao mar”. “Ele tinha um pequeno barco e levava-me no barco para o mar. É uma memória muito importante do meu pai”, admite, explicando que foi por isso que escolheu “colocar a peça de frente para o oceano”. Na ilha vulcânica, encontrou o que precisa. “É o lugar perfeito para mim!” - foi o que pensou quando cá chegou. “Não tem muitas pessoas, e tem uma natureza maravilhosa”. “É como o Havai no Atlântico”, diz Lee que, antes do convite para fazer uma residência artística no Pico do Refúgio, não conhecia os Açores.
“Quando estou no meu estúdio tenho de lidar com galeristas, recebo muitos telefonemas, emails. Tento, por isso, sair do meu estúdio pelo menos seis meses no ano”, explica o escultor, com formação em escultura cerâmica, escultura e arquitetura. “Eu sou artista a tempo inteiro há quase 30 anos” e “vivo de vender a minha obra, e muitas vezes sinto que sou um artista, outras vezes sinto-me como um homem de negócios”. Por isso, a partir de certa altura, começou “a sentir que precisava de um novo desafio e de uma nova atmosfera”.
“Gosto de ser livre, puro. Estar num local escondido é o meu desejo”, confessa. E foi assim que decidiu vir para Portugal. Em Portugal, “senti um bom equilíbrio”, ao contrário de quando “vou para Nova Iorque, Londres, Tóquio, onde “é muito sobre dinheiro e vidas demasiado ocupadas”. “Depois, gostei da natureza, do oceano, do tempo, da comida, vinho, e marisco (risos)”, o que justifica ser já a quarta vez que vem a Portugal, conta. “Quando tomo decisões sobre fazer alguma coisa: a decisão de estudar cerâmica, de fazer uma escultura, ou trabalhar com arquitetura, normalmente as pessoas pensam muito. Mas isso não é para mim. Quando decido alguma coisa, é simples: se gosto, faço-o. Muito intuitivamente. Mas, o meu caráter leva-me a que, quando decido alguma coisa, faça o meu melhor”, revela Lee Hun Chung.
Paula Gouveia, Açoriano Oriental 25 MAR 2019