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No actual mundo globalizado,  assistimos normalmente a um efeito de homogeneização, responsável pela aculturação de comunidades mais periféricas. No entanto, podemos percepcionar a globalização de uma forma mais positiva, onde se podem identificar pontes de ligação, partilha de conhecimento, encurtamento de distâncias, e onde regiões não-centrais podem encontrar modos específicos de afirmação e intervenção, constituindo-se como peças importantes do “eco-sistema” da arte contemporânea global. De facto, é o próprio processo de globalização que dá voz e visibilidade a estes programas plurais e dispersos.

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Nos últimos anos, assistimos a uma proliferação de residências artísticas em todo o mundo, numa ampla variedade de abordagens, objetivos e contextos. No entanto, a maioria delas parecem ter o objetivo comum de se constituirem como espaços mais abertos, experimentais e transculturais de criação artística, livres dos fatores de pressão em que os artistas normalmente se encontram. No caso das residências localizadas em comunidades remotas, os artistas não só são colocados em novos ambientes e contextos sociais, como também beneficiam de um tempo alargado e de uma distância do seu próprio trabalho. É um lugar para compartilhar, reavaliar e experimentar, onde saltos substanciais podem ser feitos em um curto período de tempo.

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O nosso programa de residências artísticas teve início em 2015, dirigido por Luis Bernardo Brito e Abreu, numa quinta com cerca de 400 anos, localizada na ilha de São Miguel, nos Açores. O Pico do Refúgio, serviu, desde então, como plataforma criativa para dezenas de artistas das mais distintas áreas e nacionalidades. Perpetuando o passado artístico deste local, especialmente durante o período em que a quinta foi residência da escultora Luísa Constantina, o  programa é dedicado a apoiar artistas nacionais e estrangeiros nas suas pesquisas e trabalhos nos Açores, promovendo a criação e a difusão da arte contemporânea. Através dos seus artistas residentes e das suas obras, este programa tem alcançado também o objetivo de promover os Açores pelo mundo, como um local onde a natureza, a sustentabilidade e o património cultural convivem com uma dinâmica artística emergente e próspera.

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As residências ocorrem normalmente de novembro a março de cada ano. Em média,  têm a duração de um mês. Durante este período, é dada total liberdade para os artistas trabalharem em seus próprios projetos. O objetivo é proporcionar-lhes tempo de reflexão, pesquisa e produção, promovendo abordagens transdisciplinares e relações genuínas com o território, os materiais endémicos e a comunidade local.

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