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Andrea Santolaya |  Janeiro 2017

Bio

Rain Wu é uma artista de Taiwan que vive e trabalha em Londres. A sua prática artística examina as nossas múltiplas relações com a natureza. Actualmente, trabalha a temporalidade dos materiais perecíveis como meios escultóricos, para levantar questões e incentivar o debate sobre como vivemos num estado de emergência climática.

Rain formou-se no Royal College of Art (MA em Arquitetura) e na University College London (A Bartlett School of Architecture, Architecture BSc), e é uma arquiteta britânica qualificada (RIBA, ARB). O seu trabalho artístico foi exibido na Bienal de Sharjah, na Bienal de Taipei, no Museu Palestiniano, na Bienal de Design de Londres, na Trienal de Arquitectura de Lisboa. Foi uma das Designers in Residence no Design Museum (Londres) em 2016 e artista residente no The Van Eyck (NL) 2018-9. Desde 2017, leciona Interior Spatial Design como professora associada no Chelsea College of Art, University of the Arts London.

 

Projecto

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Para a residência no Pico do Refúgio, efectuou novos trabalhos de uma série recém-iniciada, The Sea Rises and Totally Still, utilizando água salgada fervida do Oceano Atlântico como matéria prima, por forma a que as obras se dissolvam e se reconciliem com o seu ambiente. Cada pintura de água do mar representa um lugar fictício, enquanto se baseia na linguagem da cartografia, para dar uma sensação de escala e espaço. A série reflete sobre a ideia que o geógrafo Alistair Bonnett salientou de forma pungente "quando o mundo está totalmente codificado e agrupado ... surge um sentimento de perda."

Tendo como referência que a realidade não tem começo nem fim, cada pintura de água do mar flutua com as mudanças ambientais e

existe no seu próprio continuum.

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Reflexões

 

Reflexões sobre residências em locais remotos e a experiência no Pico do Refúgio

 

Rain Wu, 29 de março de 2020

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Tendo morado em Londres há mais de uma década, às vezes é difícil imaginar viver e trabalhar noutro lugar - como muitas outras cidades, isso atrai-nos por um lado, mas bloqueia-nos por outro. As residências em locais remotos são antídotos perfeitos para equilibrar a visão hegemónica do modo particular de se ser. Parafraseando Bruno Latour "apegando-se ao solo por um lado, apegando-se ao mundo por outro", encontro no vaivém entre diferentes ambientes uma forma de alargar o espectro de como vivemos e trabalhamos, como um portal para examinar as questões ambientais a uma escala planetária.

 

Num sentido prático, os materiais encontrados em ambientes naturais são para mim meios escultóricos ricos em significado encriptado e informações geo-arquivísticas - vejo-os como colaboradores que inspiram pensamentos sobre nossa relação com a natureza. A trabalhar nos Açores num mês de inverno rigoroso, sou exposta a encontros inesperados com os agentes invisíveis do ar - humidade, vento, calor e micróbios. Ver as minhas pinturas de água do mar, manipuladas pelo clima, cristalizam o ambiente na sua presença mais inegável. O tempo que passei no Pico do Refúgio possibilitou um desenvolvimento único no projecto The Sea Rises e Totally Still.

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